A infância é, por excelência, o período do desenvolvimento humano onde as etapas e os desafios ao crescimento se sucedem a um ritmo frenético. No caminho percorrido nesse carrossel, que se espera movido a amor, surgem obstáculos diversos, que exigem da criança uma capacidade adaptativa para a qual, por vezes, não está preparada. É neste contexto que emergem muitas das problemáticas infantis, sentidas, sobretudo, na interacção com aqueles que lhes são mais próximos: os pais, a família, os educadores, os colegas.
Neste crescimento partilhado, entre filhos e pais, também estes últimos se deparam com as suas próprias limitações, inquietudes e inseguranças, confrontando-se com a difícil tarefa que é aceitar que, humanamente, nem sempre são capazes. E afinal, as crianças, só querem pais suficientemente bons. Neste crescer partilhado, não tema a intervenção de “estranhos” para interpretar e reorganizar a comunicação perdida entre si e os seus filhos…
“Olha eu aqui, a olhar para ti…
Eu olho para ti. No teu olhar eu vejo o que esperas de mim e até entendo mas, por agora, eu não te consigo dar. Sabes, só me sinto segura contigo mãe…só me sinto protegida contigo pai…eu esforço-me, mas fica tão difícil ficar longe de vocês…e depois, fico irrequieta, não paro um segundo, sou teimosa, faço o que tu não queres que eu faça, não como, choro quando te afastas de mim, faço birras, bato nos meus amigos, às vezes, isolo-me, outras, fujo. Mas eu só quero que olhem para mim. É tão difícil fazer o que todos querem que eu faça. E às vezes, eu não sei mesmo fazer…”