Ser jovem adulto é estar “em cima do muro”. Já não se é adolescente e ainda não se é adulto. Mas, tem que se descer o muro e muitas vezes não é fácil essa descida : desencadeia tensão e é vivida com muita angústia. Exige-se socialmente ao jovem adulto o estar preparado para a vida e este, toma como sua, essa exigência.
Na faculdade, sente de uma forma acrescida maior dificuldade e exigência. Na vida, um maior nível de competição. Em simultâneo pressão social e familiar em encontrar uma saída profissional que lhe promova a autonomia e independência económica.
E as emoções a balançarem este “desço ou não desço”.
A capacidade de partilhar intimidade com os outros, os relacionamentos amorosos, as amizades e as relações familiares tudo está em fase de mudança. Emerge a urgência de se terminar o processo de “quem sou e para onde vou” e este passa também por, “descer o muro” . “Desço ou não desço? Hum, espero que me empurrem!”
Pode ser uma espera longa…
E eu, aqui, em cima do muro…
Parece-me tão alto, mas não é, eu sei. Deixo-me cair e logo vejo para onde ou, espero que me empurrem? Lá em baixo, gritam-me: – Força!! E a voz da minha mãe é a que se ouve melhor: – Já tens idade para isso! – Será que tenho? Não percebes que ainda preciso das tuas palavras, da tua mão? – Gritam-me os amigos: – Então? Estamos todos já aqui, quando desces? Falam os desconhecidos que entretanto se ocupam com o muro dos outros: – Disparate! Já era suposto ter descido! Que falta de decisão! Um dia destes é pai e ainda está por ali!!!
Deixo-me estar, a abanar as pernas, com o rosto sobre as mãos e a mesma questão: desço ou não desço?